domingo, 13 de fevereiro de 2011

Especialização é o melhor caminho?

Essa pergunta é frequente em várias áreas de atuação, principalmente quando o assunto é a busca por maiores níveis de produtividade e qualidade diferenciada em relação à concorrência.
Quando pensamos no processo de desenvolvimento de software essa questão torna-se ainda mais intrigante, pois trabalhamos com atividades nem sempre muito exatas; talvez quase nunca! Desenvolver um software e também testá-lo com excelência, geralmente requer muita imaginação, intuição e outras aptidões, que em cenários de grande especialização podem ficar prejudicadas.

Nesse contexto, uma especialização elevada na execução das atividades pode comprometer os resultados, mais do que alavancá-los pela maior produtividade e qualidade supostamente decorrente dessa especialização. Mas por que isso ocorre, se em tese, teríamos profissionais mais capacitados e com perfil mais adequado a cada área de atuação?


De fato, a especialização pode trazer um conhecimento específico e um foco no resultado que deveria ter como consequência a excelência e maior produtividade na execução de um processo produtivo. O problema é que não somos máquinas em uma esteira de produção, integradas através de interfaces cuidadosamente projetadas e ajustadas. Isso ocorre em uma montadora de automóveis, por exemplo, onde robôs executam atividades repetitivas e sem a necessidade de "pensar diferente".  Nesse caso, produtividade e exatidão são palavras de ordem!

Entretanto, os profissionais de tecnologia são únicos e repletos do pensar diferente, como só os seres humanos conseguem ser. E isso é muito bom! Mas será então impossível falarmos de especialização em nossa área? 

Acredito, sinceramente, que podemos trabalhar de forma especializada ao longo do processo de desenvolvimento de software, mas também que devemos ter um cuidado extremo com as interfaces entre as diversas áreas de especialização intervenientes em nossos projetos. Quando pensamos em especializar nossas equipes, temos que cuidar para que os processos da organização garantam uma integração efetiva entre elas, pois sem isso estamos mais expostos a conflitos e desacordos, por não se ter uma visão clara e recíproca das necessidades e problemas de cada área envolvida, o que pode comprometer significativamente as chances de sucesso dos projetos.

Assim, para uma organização que deseja implementar a especialização em suas áreas produtivas, faz-se necessária a existência de processos em constante evolução e melhoria, ajustáveis a novas situações trazidas pelos projetos. Além disso, a atuação correta e tempestiva dos níveis gerenciais e lideranças da organização é fundamental, no sentido de viabilizar um ambiente propício à motivação, capacitação e integração das equipes especialistas. 

 E talvez aí esteja o maior problema e não na especialização!